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segunda-feira, 3 de junho de 2013

Sem Barganhas com Deus

Título Original: Sem Barganhas com Deus
Autor: Caio Fábio D'Araújo Filho


O livro "Sem Barganhas com Deus", de Caio Fábio, é um tratado revolucionário, magistral e subversivo para quebrar conceitos cristãos errados sobre "moral absoluta". O autor confronta a mentalidade religiosa fundamentada no que ele chama de "Teologia Moral de Causa e Efeito", que busca atribuir a providência ou salvação divina como resultado daquilo que fazemos segundo os padrões morais estabelecidos por uma minoria no passado e adotada pela maioria ao longo dos anos.

"Ora, antes de haver Moral houve seres Moralistas. Estes são os filhos de Caim e de sua presunção de agradar a Deus por suas próprias obras. Mas fazem isto pela força de coação, e usam o seu poder a fim de impor um comportamento ou fabricar valores que são estabelecidos sobre os demais, e que, depois de um tempo, são aceitos como média, como maioria, como consenso."

Caio Fábio revela, através de exemplos como os heróis da Bíblia, que os conceitos morais de certo e errado variam tanto com o decorrer dos séculos que torna-se incoerente associar a prática da Moral com as dicotomias de santidade/pecado, salvação/perdição, benção/maldição. Por exemplo, Abraão, Jacó, Davi, Moisés e outros grandes homens "justos" da Bíblia mataram muita gente e possuíram várias mulheres. Ora, se hoje um homem que mata e tem dez esposas resolvesse abrir uma igreja, quem o reconheceria como homem de Deus? Provavelmente ninguém!

"A durabilidade da Moral não é longa. Varia de tempos em tempos, mas no tempo em que está vigente, torna-se um valor absoluto da maioria contra as minorias. E esta é a ironia: minorias a impõem sobre uma maioria, e, depois, esse código se volta sobre os milhares de minorias, que, inconscientemente, “assinaram o acordo”. 

"Teologia Moral de Causa e Efeito" busca também justificar de forma lógica que a benção, salvação e prosperidade vem sobre os "justos", segundo os padrões morais estabelecidos no tempo vigente. Enquanto que a maldição, perdição e miséria vem sobre os "maus", ou seja, aqueles que não se enquadram nos conceitos de certo e errado da maioria. Algumas linhas religiosas - que pregam reencarnação ou castas - transferem esta lógica de "causa" e "efeito" para vidas passadas. Porém, o livro de Eclesiastes desconstrói a idéia de "causa" e "efeito" moral:

"... há justos a quem sucede segundo as obras dos ímpios, e há ímpios a quem sucede segundo as obras dos justos." Ec. 8:14
"Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento." Ec. 9:2

Assim, o conceito de "justo" varia no tempo e lugar. Ser justo, muitas vezes, é viver segundo a "normalidade" temporal do que está estabelecido como certo e errado pela maioria dentro de algum contexto religioso. Esta mentalidade, ao invés de gerar vida, gera a morte, pois escraviza pessoas em normas que normalmente vão contra a naturalidade da vida, levando-as a viverem cheias de culpas e neuroses por não atingirem um padrão "ideal" de santidade. E por outro lado, produz gente soberba e exclusivista, que acham que são "melhores" do que aqueles que não conseguem viver segundo os padrões que tanto idolatram.

E o que é ser justo de fato? Ser justo consiste em amar e valorizar o ser humano. Esta é a única chave para viver em paz, sendo de fato um justo, ainda que "errado" segundo padrões estabelecidos. Segundo Caio, "não tenho de ser para ninguém nada além daquilo que Deus sabe que eu sou. Isto me ajuda a não ter medo de ser gente". Assim,  amar, exercer misericórdia e ajudar o necessitado são as regras de ouro. E nada disso tem a ver com a Moral.

É interessante frisar que as Leis da sociedade são importantes para o convívio social, já que nem todos (ou a maioria) não entende o que é viver em Amor. Mas leis sociais são diferentes de leis morais. Neste ponto, o autor escreve:

"A Lei nos proíbe de não permitir o outro ser, desde que a expressão de seu ser não seja contra a liberdade do próximo de também ser. A Lei nos garante que essa liberdade vai apenas até o limite em que sua expressão de ser não violente um outro ser humano. A Moral, todavia, nos impede de ser diferentes da maioria, portanto, mata a expressão do ser."

Em suma, o livro trata destes assuntos e de outros relacionados, como a famosa dicotomia teológica "Lei x Graça".

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E você, o que pensa sobre estes assuntos? O que você pensa sobre a Moral? E com relação à mentalidade de "causa" e "consequência" moral resultando em benção/maldição? Comente abaixo.

2 comentários:

  1. Penso igualmente e como frequento igreja evangélica me sinto oprimida, às vezes me sinto separada dos outros "irmãos" por não comungar com determinados pensamentos deles e dos pastores. Já senti até mesmo culpa. Mas a partir do momento que conheci o Caio me senti mais leve. Gostei tanto do seu comentário que vou comprar o livro.
    Obrigada.
    Sônia

    ResponderExcluir
  2. Penso igualmente e como frequento igreja evangélica me sinto oprimida, às vezes me sinto separada dos outros "irmãos" por não comungar com determinados pensamentos deles e dos pastores. Já senti até mesmo culpa. Mas a partir do momento que conheci o Caio me senti mais leve. Gostei tanto do seu comentário que vou comprar o livro.
    Obrigada.
    Sônia

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