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segunda-feira, 25 de junho de 2012

As crônicas de Artur




Título em inglês: Warlord Chronicles
Autor: Bernard Cornwell

Épico medieval grandioso, que mostra a lenda do "rei" Artur sobre uma perspectiva completamente diferente da que todos estão acostumados.
Dividida em três volumes (O Rei do inverno, O inimigo de Deus e Excalibur), a obra baseia-se em fatos reais da história para personificar um rei Artur bem realista e nada fantasioso. Realista em todos os sentidos: ambiente, história, política, costumes, religiões e, principalmente, na profundidade emocional dos personagens.
Sua narrativa é palpável, dinâmica e profunda. Suas descrições da Idade Média são sombrias, sujas, violentas e nojentas. O nível de detalhes mostrado, desde pulgas nas barbas dos guerreiros até o cheiro de fezes e urina nos aposentos de Merlin, fazem o leitor passear virtualmente por aqueles tempos no auge da Idade das Trevas.

Na história, Artur é filho bastardo do rei Uther, que governava a Bretanha por volta do ano 800 d.C.. Momentos antes de morrer, o rei dá a Artur a incumbência de proteger seu neto recém-nascido e legítimo herdeiro do trono, até que ele complete idade suficiente para governar o reino. Artur, então, deve proteger o futuro rei, bem como proteger a Bretanha da constante ameaça Anglo-saxã, que intenta invadir a região. Paralelamente a isso, Artur também luta para manter estável a união entre os diversos reinos da Bretanha, talvez a tarefa mais difícil. Mas o interessante é que Artur não é o personagem principal. O protagonista é Derfel, um jovem saxão criado por Merlin e que posteriormente torna-se um grande guerreiro de Artur.

Toda a narrativa passa-se nestes longos 20 anos de espera pelo crescimento do futuro rei e, enquanto isso, muitas intrigas, traições, alianças e batalhas acontecem, envolvendo reis e rainhas, príncipes e princesas, guerreiros e senhores da guerra, cristãos e pagãos. Toda a multidão de personagens e seus respectivos relacionamentos vão evoluindo e se aprofundando com o decorrer da trama. Artur, Guinevere, Lancelot, Galahad, Derfel, Merlin, Nimue, Morgana e muitos outros tornam-se tão reais como se o leitor estivesse vendo um filme. Surpresas e reviravoltas empolgam do início ao fim, sem nem um momento de lentidão chata, coisa difícil de acontecer numa obra de 3 volumes de cerca de 600 páginas cada uma.

As questões religiosas amarram muito bem as pontas da trama, colocando Merlin como um druida louco, sujo, nojento e inescrupuloso. Sua busca pela restauração do domínio dos deuses antigos sobre a Bretanha, juntamente com sua discípula e personagem chave na trama Nimue, leva o leitor a rituais pagãos macabros, de dar calafrios. Os ritos secretos a Mitra e Isís, impetrado por outros personagens, também mostram de forma impressionante o quão sinistro eram tais formas de adoração. O cristianismo, na época em expansão, é mostrado como uma religião de falsos e hipócritas bispos que utilizavam a crença para  enriquecer e conquistar poder.
Sem dúvida, é uma obra memorável. Ao final de cada volume, Cornwell descreve em anexo os fatos e lugares históricos nos quais os acontecimentos do livro estão relacionados. Isso só faz o leitor imergir mais fundo na trama, transformando o mito do Rei Artur em algo factível.

Um comentário:

  1. Cornwell é um mestre que admiro muito, especialmente por sua base de conhecimento histórico e sua habilidade em arrebatar o leitor com seus personagens carismáticos. Estes foram os primeiros livros que li dele, e são obras primas. Sua descrição não poderia ser mais correta.

    Na verdade, eu diria que esta é a única história de Arthur que eu realmente admiro. É um excelente livro mesmo, assim como todos os outros do Cornwell.

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