Pages - Menu

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A Jornada do Escritor


Título original: The Writer's Journey
Autor: Christopher Vogler


Talvez uma das obras mais importantes já feitas sobre estrutura literária, "A Jornada do Escritor" explica os passos essenciais para que escritores ou roteiristas - leigos ou veteranos - possam escrever histórias com maestria, cuja mensagem se identifique com a alma de seu público. Para isto, Vogler baseia-se no legado grandioso do mitólogo Joseph Campbell, principalmente no livro "O herói de mil faces", bem como nas obras de psicologia de Carl G. Jung sobre arquétipos e inconsciente coletivo.

O livro "O herói de mil faces" de Joseph Campbell é uma maravilhosa viagem ao mundo dos contos de heróis de todas as eras, culturas e religiões, mostrando as inacreditáveis semelhanças entre eles. Com isso, Campbell conseguiu traçar alguns padrões nas histórias dos heróis antigos e identificou estes mesmos padrões na história de vida de todo ser humano, de todas as culturas. A estes padrões ele chamou de "Jornada do Herói". Christopher Vogler explora esta "Jornada" e as traduz para uma linguagem atual, fácil e divertida, contrastando com a linguagem de Campbell, que é mais densa e talvez canse alguns.

Além desta base mitológica, Vogler evoca conceitos da psicologia analítica de Carl G. Jung acerca de arquétipos e incosciente coletivo. Arquétipos podem ser definidos por "padrões de personalidade que são uma herança compartilhada por toda a raça humana". Em outras palavras, são tipos de personalidades comuns nos contos mitológicos antigos, como o Herói, Vilão, Arauto, Mentor, etc. Cada um possui uma função decisiva na história, fundamental para gerar conflitos e reviravoltas. O incosciente coletivo se entende como o lugar na mente humana de onde brotam esses arquétipos, que, segundo o autor, "são impressionantemente constantes através dos tempos e das mais variadas culturas, nos sonhos e nas personalidades dos indivíduos, assim como na imaginação mítica do mundo inteiro".

Como o título sugere, o livro parece ser voltado totalmente para escritores, tanto profissionais como aspirantes. De fato, para quem sonha em escrever livros ou roteiros, a leitura desta obra é obrigatória. Vogler não ensina uma técnica, mas mostra como as etapas da Jornada do Herói podem ser perfeitamente utilizadas para se construir e amarrar bem uma história. Utilizando-se de exemplos variados do cinema e literatura, ele esclarece que estes estágios não são fórmulas ou clichês, mas sim ferramentas que devem ser manipuladas e estruturadas - ou até desconstruídas - com muita criatividade. O fator determinante para uma boa história está justamente na inovação com que se brinca com estes arquétipos e estágios.

Porém, o livro não serve somente para escritores. Estudar a Jornada do Herói na linguagem direta e atual de Vogler é uma viagem maravilhosa para qualquer um que ama viver a vida intensamente. É muito interessante identificar os tipos de personalidade que nos cercam e as etapas pelas quais passamos no nosso dia a dia e saber que estes elementos estão presentes em filmes, romances, contos e na vida real.

Para conhecer em detalhes quais são os arquétipos e as etapas da Jornada, leia o artigo  "A Jornada do Herói".
Aconselho ler também a apostila do Eduardo Sphor sobre estrutura literária, baseado neste livro:

http://filosofianerd.com.br/pdf/estrutura_literaria_apostila.pdf

--

E você, o que acha sobre isso? Acredita no inconsciente coletivo? Acredita que todos os heróis passam por etapas semelhantes? Você acha que a Jornada do Herói pode se tornar um clichê no cinema ou literatura?
Deixe seus comentários abaixo!

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A Batalha do Apocalipse


Em "A Batalha do apocalipse", o escritor brasileiro Eduardo Spohr apresenta seu universo fantástico angelical criando uma mitologia própria, baseado  princpalmente na mitologia judaico-cristã. O autor constrói com maestria uma aventura épica de dimensões gigantescas, superando expectativas, já que este é seu primeiro livro. A obra é uma fantasia que explora os misteriosos sentimentos e ações dos servidores alados do Deus Yahweh e suas consequências no mundo físico, desde a "queda dos anjos até o crepúsculo do mundo", como sugere o subtítulo.

Neste universo imaginário, o Soberano Deus Yahweh criara os mundos, espirituais e físicos, em seis dias, sendo cada dia representado por uma era de bilhões de anos. No sétimo dia Deus descansa e deixa a cargo dos anjos o governo do mundo, para só acordar novamente no final dos tempos, no Apocalipse. A trama narra a trajetória do anjo renegado Ablon, expulso do céu por discordar das decisões tirânicas do arcanjo Miguel, poderoso líder dos anjos. Em sua forma humana, Ablon atravessa os séculos da história do mundo, ora no plano físico, ora no espiritual, se aventurando para desvendar uma complexa intriga envolvendo os arcanjos Miguel e Gabriel, Lúcifer e seus demônios, anjos renegados, homens e o fim do mundo.

É bom frisar que o livro é uma fantasia, não uma tentativa de se pregar algum tipo de doutrina religiosa. É importante ter isto em mente antes de começar a leitura, pois a mitologia criada por Sphor contém elementos de diversas religiões, que servem como pano de fundo para uma aventura bem interessante. Os religiosos mais radicais talvez se sintam incomodados com alguns trechos da obra, como aconteceu na Itália, onde a Igreja Católica proibiu a publicação do livro, por conter "heresias".

Com uma trama bem fundamentada sobre os princípios universais da Jornada do Herói, com todas as suas etapas e seus arquétipos muito bem construídos, temos aqui uma obra peculiar da literatura nacional moderna. Apesar da estrutura mítica conhecida e identificável, a obra não possui clichês e contém muitos elementos surpresa. Eduardo Sphor impressiona com sua escrita dinâmica e cinematográfica, que em momento nenhum deixa o leitor cansado durante as 560 páginas de puro entretenimento. As descrições de anjos, demônios, do inferno e de batalhas espirituais são densas e levam o leitor a visualizar estes mundos de forma bem real. Os fatos históricos pelos quais os protagonistas passam, como as origens do misterioso rei Ninrod, da Torre de Babel e a queda de Constantinopla, são experiências fascinantes.

Infelizmente, ainda existe muito preconceito no Brasil para com autores nacionais de fantasia. Os brasileiros, em sua maioria, não acreditam no potencial de seus conterrâneos para determinados gêneros. Porém, Eduardo Spohr surge como um dos "pontas de lança" da literatura fantástica nacional da atualidade para mostrar que escritor brasileiro também sabe contar boas histórias fora do convencional. Começando as vendas de forma independente e posteriormente sendo publicado pela editora Record, "A Batalha do Apocalipse" chegara a entrar na lista dos 10 mais vendidos no país em 2010. Hoje o livro já foi lançado em diversos países, inclusive Holanda, Alemanha e Portugal.

Poderá também gostar de:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...