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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O Analista

Título Original: The Analyst
Autor: John Katzenbach

"Sempre há pessoas que se sacrificam para que outras pessoas possam viver. Soldados em combate. Bombeiros em um prédio em chamas. Policiais nas ruas. A sua vida é tão adorável e produtiva e tão importante que possamos automaticamente admitir que ela seja mais valiosa do que a vida que ela poderia salvar?"
(Extraído de O Analista)

Existem livros ruins, e chegar até a metade deles já é um grande feito. Existem livros bons. Estes, indicamos reativamente, ou seja, quando somos questionados sobre eles ou em alguma conversa ocasional sobre o assunto que lembre a obra. Porém, existe uma outra categoria de livros, que se encontra bem acima daqueles considerados bons. Existem os livros que nos marcam profundamente. Estes, indicamos proativamente, como se fosse obrigação a sua leitura. São histórias que levam o leitor a viver a vida dos personagens de forma tão intensa que, quando terminado, ele respira como se tivesse perdido o fôlego durante toda a sua leitura. O Analista, de John Katzenbach, se enquadra nesta categoria... a categoria de livro perfeito.

Nesta obra-prima do suspense psicológico, Katzenbach constrói um complexo e empolgante thriller moderno com uma narrativa dinâmica e repleta de tensão, muitos climax, personagens profundamente cativantes e assustadores e reviravoltas inacreditáveis. Tudo isto é orquestrado em perfeita harmonia na composição de uma trama muito bem estruturada, sem pontas soltas e com um ritmo que não perde a cadência em nenhum momento.

O livro conta a história de Frederick Starks, um psicanalista experiente, que, ao completar 53 anos, recebe uma misteriosa carta com os dizeres: "Feliz aniversário de cinquenta e três anos, doutor. Bem-vindo ao primeiro dia de sua morte". Ainda na carta, dr. Starks é ameaçado por alguém que diz "pertencer ao seu passado" e o desafia a se matar ou a descobrir a identidade de seu algoz. Caso contrário, uma lista de 53 nomes de parentes do médico seria alvo de destruição, tanto psicológica quanto física.

O autor se revela um mestre do suspense ao levar o leitor a montar um tenebroso quebra-cabeças psicológico, onde o protagonista deve usar de seus conhecimentos de psicanálise para tentar descobrir quem o está ameaçando. Assim, ele entra em uma perigosa investigação para desencavar de seu passado o motivo que levou este psicótico a odiá-lo e desejar a sua morte. Em meio ao caos de muita tensão e acontecimentos aterradores, o personagem principal é conduzido a um verdadeiro inferno psicossomático, interagindo com personagens marcantes em sua profundidade emocional.

É fascinante o fato de uma trama tão complexa, envolvendo inúmeros personagens e lugares, do passado e do presente, ser tão bem amarrada e extremamente verossímil. O elemento surpresa está presente a todo instante, fazendo o leitor se surpreender a cada página, gerando uma ansiedade adrenalínica acerca da misteriosa identidade do vilão, principalmente depois da primeira metade, onde a história sofre uma reviravolta alucinante.

Além de ser emocionante do ponto de vista ficcional, o livro passa ainda uma interessante mensagem sobre as consequências catastróficas que nosso estilo de vida egocêntrico podem gerar no futuro.

Leitura obrigatória!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

As Crônicas de Nárnia

Título Original: The Chronicles of Narnia
Autor: C. S. Lewis

"Oh, Filhos de Adão, com que esperteza vocês se defendem daquilo que lhes pode fazer o bem!" Aslan

Um grande clássico da literatura fantástica infantil, As Crônicas de Nárnia são uma série de livros sobre um universo paralelo, para onde crianças de nosso mundo viajam, vivendo excitantes e divertidas aventuras com anões, fadas, faunos, animais falantes, feiticeiras, gigantes e dragões. Porém, a obra não se resume somente a isto. Em meio a todo este vasto universo mitológico, C. S. Lewis consegue com genialidade permear as histórias com muita sabedoria, filosofia e princípios morais, sem parecer chato ou religioso.



São sete pequenos livros:
1 - O Sobrinho do Mago
2 - O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa
3 - O Cavalo e seu Menino

4 - Príncipe Caspian
5 - A Viagem do Peregrino da Alvorada
6 - A Cadeira de Prata
7 - A Última Batalha

No primeiro livro (O Sobrinho do Mago), Lewis conta a origem de um mundo mágico, com um país chamado Nárnia, criado pela canção de um Leão falante e sábio chamado Aslan. Sua canção gera vida e faz surgir milhares de seres estranhos, como faunos, centauros, animais que falam, sereias, etc. Através de um anel mágico, um menino na Inglaterra consegue entrar neste mundo, causando problemas e vivendo perigosas aventuras junto com uma amiga e seu tio, um mago. É muito interessante conhecer as origens de determinados elementos e de personagens presentes nas histórias seguintes, como o poste misterioso no meio da floresta, a feiticeira branca e o armário mágico.

A partir do segundo livro em diante, o autor elabora diversas aventuras independentes, porém todas interligadas por personagens e situações comuns e de vital importância no conjunto total da obra. Todas estas tramas divertem bastante, com muita correria, perigos, guerras, magia, traição, romance e lições de coragem, amizade e fidelidade. Os diálogos entre os animais falantes são muito engraçados, mostrando um interessante "preconceito" dos animais para com os homens, devido às diferenças de costumes entre as raças. Este "preconceito", na verdade, é uma sutil crítica de Lewis para com aqueles que não compreendem a cultura ou o comportamento de pessoas que vivem em um contexto diferente do nosso.

Um alerta importante para os que pretendem se aventurar em Nárnia com estes livros é o fato de serem histórias bem infantis. Talvez isso incomode os leitores adultos e acostumados com uma literatura mais madura. Diferentemente dos livros de Tolkien, que se adaptam facilmente a todas as idades, As Crônicas de Nárnia são uma experiência maravilhosa para os pequenos, mas é provável que poucos adultos se empolguem com essa leitura. Como C. S. Lewis era um religioso protestante, a obra é permeada de mensagens cristãs subliminares, como esta, por exemplo:

"– Vejam só, companheiros: antes que o mundo limpo e novo que lhes dei tivesse sete horas de vida, a força do Mal já o invadiu; despertada e trazida até aqui por este Filho de Adão.(...)
– Mas não se deixem abater. O mal virá desse mal, mas temos ainda uma longa jornada, e cuidarei para que o pior caia em cima de mim. Por enquanto, providenciemos para que, por muitas centenas de anos, seja esta uma terra de júbilo em um mundo jubiloso. E, como a raça de Adão trouxe a ferida, que a raça de Adão trabalhe para saná-la."


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E você, já leu os livros? Conte sua experiência!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

1984

Título Original: 1984
Autor: George Orwell  (1903 - 1950)
 
"Quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado."

Talvez um dos livros mais importantes do século XX e muito mais do que uma ficção política futurista, 1984 é uma séria advertência contra toda e qualquer forma de sistema de manipulação de massas, seja de caráter político, religioso ou científico. Escrito em 1944, o que deveria ser apenas uma crítica ao sistema comunista russo da época, tornou-se uma obra-prima atemporal, que instiga o leitor a refletir acerca da sociedade em que vivemos. Manipulação do pensamento, guerras eternas, inimigos fictícios e o controle da informação são alguns dos assuntos tratados nesta impressionante história profética, que ilustra ludicamente fatos que assustadoramente tem acontecido nos últimos 60 anos da história da humanidade.

A história se passa em um futuro distópico, no ano de 1984, no país chamado Oceania, em que um governo totalitário controla todas as ações e pensamentos de seus cidadãos através de teletelas (televisores com câmeras e microfones) instaladas por todos os cantos. O misterioso líder deste governo, o Grande Irmão, é o "olho que tudo vê", e castiga de forma brutal todo aquele que manifestar qualquer pequeno sinal de desvio de conduta contra o seu Partido. Esses cidadãos, por sua vez, amam o Grande Irmão e o Partido, fanaticamente. Winston, um funcionário do governo que trabalha no Ministério da Verdade, cuja função é manipular as notícias e recriar a história conforme os interesses do Partido, resolve se rebelar contra o sistema com a ajuda de uma amiga, e descobre que terá que lutar contra algo muito mais poderoso do que poderia imaginar.

A data que o autor sugeriu para este futuro, em 1984, torna-se irrelevante para nós hoje e a trama em si é muito simples, apesar de possuir boas doses de suspense. Mas o melhor do livro é o cenário em que a história se passa e sua mensagem, extramamente atual, pode ser aplicada a toda e qualquer espécie de ideologia social, política, religiosa, filosófica ou científica. No livro, o Partido dominante governa baseado não pela força, mas na operação estratégica de "conversão" a uma forma de pensar dúbia, chamada duplipensamento. Segundo esta técnica de logro mental, as pessoas passam a acreditar em conceitos contraditórios ao mesmo tempo. Elas perdem a noção do certo e do errado, e passam a assumir como certo aquilo que o Partido diz ser certo. Este, por sua vez, constantemente adultera a história do país - excluindo e incluindo fatos em livros e jornais, criando e eliminando personagens, reais ou fictícios -, enquanto os cidadãos vivem uma espécie de amnésia oficial, acreditando e duvidando ao mesmo tempo.

Outro fator importante abordado no livro é a forma com que o Partido canaliza o ódio e revolta das pessoas para guerras sem fim e inimigos fictícios, distraindo as pessoas para que não se revoltem contra o Partido. O Partido estimula os cidadãos contra um determinado cidadão, Emmanuel Goldstein, que representa o grande inimigo da lei e da ordem. Não se sabe se ele realmente existe ou não. O que importa é gerar um frenesi de ódio contra ele e fazer com que as pessoas tenham um inimigo em quem colocar a culpa de todos os males.

A todo instante vemos governos e igrejas fazendo a mesma coisa em nosso mundo. Vietnamitas, Sadan Hussein e Osama Bin Laden são alguns exemplos de inimigos "criados" pelo governo norte-americano, com a finalidade de distrair a população, que por sua vez não busca o conhecimento verdadeiro dos fatos históricos, mas acreditam cegamente no que o Grande Irmão "Tio Sam" fala. Estude a fundo sobre Guerra do Vietnan, Guerra do Golfo e sobre Bin Laden e verá que os conceitos de "amigo" ou "inimigo" são relativos dependendo dos interesses de quem manda. Já no âmbito religioso, existem outras formas de se criar "inimigos". Por exemplo, muitos culpam o Diabo ou o Carma pelas desgraças de sua vida, quando na verdade o que falta é coragem para assumir seus erros ou enfrentar os desafios e provações concernentes a todo ser humano.

Em suma, 1984 é leitura obrigatória a todo aquele que não deseja ser mera massa de manobra, para aqueles que buscam ser pessoas autênticas, que anseiam por expressar sua opinião ainda que ela seja diferente da opinião de todos, para aqueles que não se contentam com verdades absolutas sem uma averiguação mais profunda e para aqueles que odeiam a Mídia repleta de parcialidade e controlada por interesses políticos. Este livro é para quem deseja agir de forma não convencional e ir na contra-mão do sistema, visando a verdadeira liberdade de espírito.

Se você ainda não leu o livro, aconselho a colocá-lo no topo de sua lista de leitura. É de fato uma obra muito importante, que merece uma atenção especial.
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O que você pensa sobre a manipulação de massas pela Mídia, políticos e igrejas? Acredita que isso acontece em nosso país (Brasil)? Comente sobre estes assuntos abaixo!

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