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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O livro de Ouro da Mitologia

Título Original: The Age of Fable
Autor: Thomas Bulfinch  (1796 - 1867)

Nesta excelente compilação das mitologias antigas, Thomas Bulfinch desmistifica para o grande público aquilo que por muito tempo ficou obscurecido em difíceis poesias nas bibliotecas de universidades. A obra aborda, em sua maior parte, os contos dos deuses, semi-deuses e heróis gregos, de onde a cultura ocidental moderna herdou sua essência. Dentre as inúmeras histórias fantásticas, destacam-se lendas que expressam a personalidade humana, outras que explicam a origem dos elementos da natureza e também as grandes jornadas de Heróis que influenciaram artistas desde a antiguidade até hoje. Ao final, o autor conta ainda as principais histórias das mitologias oriental e nórdica, além de tentar explicar estas fábulas sob vários pontos de vista, inclusive o bíblico.

A cultura ocidental moderna tem como fundamento duas vertentes de pensamento que tem moldado a vida de milhões de pessoas ao longo dos últimos dois mil anos. A primeira delas é a religiosa e é constituída principalmente pelo zoroastrismo*, judaísmo, cristianismo e islamismo. A segunda vertente é a humanista e tem sua essência nas mitologias grega, romana, celta e germânica. A revolução da psicologia, o Iluminismo e a Renascença pós Idade Média buscou explicar o comportamento humano analisando as curiosas e incríveis histórias mitológicas da antiguidade.

Cupido
Em "O livro de Ouro da Mitologia" é possível compreender que a mitologia grega tem uma grande importância na elaboração dos principais conceitos da psicologia. Os deuses gregos são imorais e egoístas (em contraste com o Deus judaico-cristão que é moralmente perfeito), revelando traços comuns da natureza humana. Por isso seu estudo se faz importante para uma melhor compreensão de nós mesmos. Por exemplo, o deus Eros (Cupido) era uma criança e não queria crescer. Muitos homens hoje crescem no corpo mas se recusam a crescer na mente, sendo infantis e egoístas, vivendo numa espécie de "Síndrome de Peter Pan". Eros, então, começa a crescer quando ganha um irmão e volta a ser criança quando o mesmo o deixa. Isto representa que só amadurecemos na medida em que desenvolvemos nossos relacionamentos.

Os gregos costumavam contar a origem dos elementos da natureza a partir de lendas interessantes. Muitos rios, montanhas, ventos, plantas, flores e animais surgiram, segundo eles, a partir de heróis que morreram e ressucitaram sob estas formas. Por exemplo, Eco era uma mulher que falava demais e sempre queria dar a palavra final em discussões. Um dia ela foi amaldiçoada por Hera (esposa de Zeus), que a confinou em rochedos. Com essa história, os gregos explicavam a origem do eco. Quando gritamos para algum rochedo ou caverna, segundo eles, Eco repete e dá a palavra final.

Odisseu e o Ciclope
Ademais, as histórias mais emocionantes da mitologia grega são, sem dúvida, as jornadas épicas dos grandes heróis humanos e semi-divinos, como Hércules, Odisseu, Aquiles, Enéias, Jasão, dentre outros. É impressionante a tamanha criatividade que bardos e poetas do passado tinham para contar histórias tão empolgantes, de dar inveja a Spielberg ou James Cameron. Destaca-se a história de Odisseu (ou Ulisses) - de onde vem o termo odisséia - que, após lutar como soldado e estrategista na violenta Guerra de Tróia,  passa por diversos perigos em sua volta para casa. Nesta jornada, ele luta contra gigantes de um olho só (Ciclopes), supera maldições, sobrevive a naufrágios, foge do encanto das sereias, luta contra monstros, vai e volta do inferno, escapa da ira de alguns deuses e é ajudado por outros. Cada detalhe da jornada é permeado de aventura, onde Odisseu utiliza de suas qualidades de estrategista para sobreviver, enquanto muitos de seus amigos morrem durante a jornada.

Por fim, Bulfinch encerra sua obra contando de forma resumida as principais histórias da mitologia oriental e nórdica, além de explicar as mitologias pagãs sob o ponto de vista bíblico, histórico, alegórico e científico. Segue um trecho curioso do livro, onde o autor compara alguns elementos da mitologia grega com a Bíblia e identifica semelhanças:

"De acordo com esta teoria (bíblica), todas as lendas mitológicas têm sua origem nas narrativas das Escrituras, embora os fatos tenham sido distorcidos e alterados. Assim, Deucalião é apenas um outro nome de Noé, Hércules de Sansão, Árion de Jonas etc. "Sir Walter Raleigh, em sua História do Mundo, diz: Jubal, Tubal e Tubal Caim são Mercúrio, Vulcano e Apolo, inventores do pastoreio, da fundição e da música. O Dragão que guarda os pomos de ouro era a serpente que enganou Eva. A torre de Nemrod [Babel] foi a tentativa dos Gigantes contra o Céu."

Concluindo, recomendo fortemente o livro para os que desejam descobrir as origens da cultura ocidental, compreender melhor a mente humana e se emocionar com histórias épicas que inspiram escritores e cineastas até hoje.

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O zoroastrismo é uma religião monoteísta fundada na antiga Pérsia pelo profeta Zaratustra. É considerada como a primeira manifestação de um monoteísmo ético. (...) algumas das suas concepções religiosas, como a crença no paraíso, na ressurreição, no juízo final e na vinda de um messias, viriam a influenciar o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Fonte Wikipedia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Zoroastrismo

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